2 de dez. de 2017

205. AS FASES DA CRIANÇA E O MUNDO DA FAMÍLIA.


A criança não nasce sabendo do mundo, de si e das pessoas. Precisará de tudo aprender. A princípio, pelos SENTIDOS, EMOÇÕES e MOVIMENTOS. Leva o mundo à boca, desafia-se, explora os objetos, a si mesma, as pessoas, os tempos, os espaços, as relações de tudo isso e a sua relação com tudo isso. Estas experiências lhe proporcionam um primeiro conhecimento de como as pessoas e as coisas são e funcionam. E nesta fase, a cada dia, há sempre uma surpreendente novidade.

Com o desenvolvimento da LINGUAGEM o seu mundo interno ganha muitas possibilidades. Brinca, cria e representa o mundo que vive e conhece através de personagens, jogos simbólicos, de faz-de-conta. Conversa sozinha, interage com tudo e todos numa imensa e intensa vontade de explorar e aprender. Ao brincar de casinha, de médico, de bicho, de polícia ladrão, de luta, a criança, além de desenvolver a linguagem e habilidades sócio-emocionais, ela vive papéis que a ajudam a compreender as regras de cada segmento da cultura que está inserida, as suas convenções, seus problemas, suas diferenças, seus costumes. Pode refletir e incorporar as características e as ações de quem imita e aprende que o mundo não é ela e nem que tudo é do jeito dela. Estas experiências, ajudam-na a compreender melhor de si, dos outros e do  mundo, e a representá-los dentro de si. Isto a possibilita pensar, imaginar, entender, falar sobre ele, ainda que seja de forma desorganizada e sem lógica. Por exemplo, quando a criança nos conta uma história, não há ainda uma organização espaço-temporal, certo? O fim vem embolado com o meio que passa ao começo e volta ao fim. Isso é normal para a fase. Mas é momento que requer redobrada atenção ao que é oferecido à criança, pois ela ainda age como “esponja”, imita e absorve tudo sem crítica. Aliás, esta se ensina desde pequeno. E é bom fazê-lo.

Pois, o MUNDO EXTERNO que é oferecido ao seu filho, com suas concepções, valores, erros, acertos, medos, modos de viver e de ser, dirá de seu MUNDO INTERNO, de seu ser, de sua interação com o meio. Dirá de como ele agirá, pensará, amará, odiará, falará, perceberá, criará o mundo externo, que dirá do seu interno num processo sem fim. Ou seja, se uma criança recebe sempre elogios, é protegida de qualquer frustração e a mãe obedece a tudo o que ela pede, este será o mundo externo que ela internalizará, e a partir dele perceberá e agirá no mundo. Quando na escola, a professor não a destacar diante da classe, ou quando tirar uma nota baixa, ou não for tratada como rainha, é bem provável que sofra, que culpe a outros, que se desorganize, que fique agressiva, pois não foi este mundo externo que construiu em si. Por isso vale sempre se perguntar: QUE MUNDO OFEREÇO AO MEU FILHO? Claro que outros mundos virão. Mas o primeiro deles, é a família. E o primeiro deles será a base de tudo. Pense na sua vida e observe como tudo o que você é tem uma ligação com a sua criança. A infância é tudo. Cuide bem da do seu filho, da construção do mundo que ele fará.

Conforme a criança amplia suas representações, ela sente a necessidade de organizá-las, dar um sentido maior e passa a CATEGORIZAR os mundos que conhece. O mundo das profissões, dos animais, dos objetos engraçados, dos objetos escolares, além de amar as coleções. Nesta fase, é bom enfatizar a organização externa para ajudar na interna, e saber que a criança ainda pensa de forma bem concreta, ao pé da letra e com uma pré-lógica deliciosa. Para ela, um trânsito engarrafado, pode significar carros dentro de uma garrafa, assim como ao pé da letra, pode ser uma letra com pé. Mas, os estímulos cada vez mais diversos do meio, a mediação daqueles que interagem com ela, sua interação com eles e o amadurecimento do sistema nervoso, a ajudarão a progredir e logo conseguirá ABSTRAIR o pensamento, desenvolver a lógica, a perceber metáforas, expressões idiomáticas, fortalecer a sua personalidade, as suas verdades, valores, saberes de tantos outros mundos, usando as bases das construções do seu primeiro mundo. E num piscar de olhos está adolescente, adulto e parindo nova criança, que a princípio aprenderá pelos sentidos, emoções e movimentos...

Note que em todas as fases, a participação ativa da criança na EXPERIÊNCIA é fundamental. Afinal, não é possível desenvolver no lugar do outro. Assim, com bom senso, não devemos impedí-la, pois será como querer alimentá-la oferecendo-lhe um cardápio. Logo, quantidade e qualidade de experiências são importantes, assim como o modo como a criança interage com a oportunidade. E isso se aprende. Atenção! Dizer a criança que ela não é capaz, enche-la de medos, criar resistências, fazer em seu lugar, superprotegê-la, poupá-la, devem ser observados, pois são impeditivos de desenvolvimento. Vale diversificar atividades, não se acomodar só a tecnologia, criar boas oportunidades de aprendizagens e desenvolvimentos e reflitir sempre sobre o mundo oferecido ao filho, pois é dele que ele constituirá o seu primeiro e mais importante mundo. Base de tudo e de todo o resto. Atente-se a isso. Feliz mundos!


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