25 de jul. de 2014

109. EDUCAÇÃO PELO MUNDO VI: A educação na Finlândia


 Prá quem acha que Finlânida é sinônimo de Papai Noel, Nokia e Angry Birds, pode ampliar a sua visão. É também a terra da educação de sucesso. Uma das melhores do mundo. Mas como?
A Finlândia foi destruída com a guerra, tornou-se independente há quase 100 anos, com uma população pobre e carente de estudos. É quase uma ilha, é bilíngue (Finlandes e Sueco) e tem um clima bastante cruel. Como conseguiram fazer diferença com tal perfil? Vamos em partes.
Em seminários com representantes do Conselho Educacional Finlandês, sob a chancela do Ministério da Educação e Cultura,  percebe-se que o sistema educacional é bem descentralizado. O Ministério da Educação traça as políticas educacionais e o enxuto Conselho Nacional de Educação coloca-as em prática. Elabora as diretrizes curriculares, que são adaptadas pelos municípios de acordo com sua realidade. As escolas adaptam-nas às necessidades locais, assim como os professores de acordo com a realidade e as necessidades dos alunos. O Conselho ainda, em amplo diálogo com as escolas, levanta dados (dos alunos, dos professores, dos métodos, dos problemas), analisa-os, compartilha com todas as escolas em busca de rápidas soluções. São cientes de que a educação deve ser cuidada no agora, mas também para um futuro, e para isso é preciso saber prever e resolver problemas. Levantam então as habilidades e competências atuais e as que se farão necessárias e traçam mudanças. Nota-se a ênfase dada à metacognição, à resolução de problemas e tomada de decisões, à criatividade e inovação, à colaboração e negociação, à cidadania e responsabilidade, às novas profissões, à comunicação em diversos idiomas, dando recursos para o desenvolvimento integral do aluno, abrindo-lhes portas de oportunidades sem fronteiras. E a educação funciona, pois há uma cultura da confiança onde todos são educados para trabalharem com liberdade, responsabilidade e autonomia em prol de um bem comum. Não há barganhas, não há falcatruas, não há supervisão. Há solução em todos os setores da sociedade. Cada um reconhece o seu papel e faz.

Claro que estamos falando de um  país com um pouco mais de 5 milhões de habitantes, com uma sociedade que prima pela igualdade, por desenvolvimento de mundos e gentes e que investe a longo prazo. Desde a década de 60, a educação básica é gratuita e obrigatória, e a partir da década de 70, o grau de mestre, a todos os docentes, tornou-se requisito mínimo necessário. O professor é muito valorizado e respeitado, e formado para ser consciente do seu papel social e da grande influência nas gerações futuras. Já o Brasil tem mais de 200 milhões de habitantes, a educação não é valorizada, temos uma cultura imediatista, oportunista e da vantagem, o que dificulta mudanças e implementações de ideias. Mas é possível mudar? Sim. Basta olhar os finlandeses. Resgataram a auto e heteroconfiança, educam bem o seu povo e com fortes princípios, não se acomodam, traçam sempre novas metas e com atitude as alcançam. Ficam aí as primeiras lições. Aguardem as próximas.

9 comentários:

  1. Anônimo7/25/2014

    Profe, parabéns por mais esta postagem. Lembro que você sempre dizia que era preciso fazer diferente para fazer a diferença. Mas será que o Brasil quer?
    Saudades de você e das suas aulas.
    Carmem Silva

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    1. Carmem querida, eu diria que o povo brasileiro está dividido em grupos neste quesito. Uma boa parte nem tem consciência do que ocorre. Outra parte tem, mas não interessa mudar, pois é bom a eles que a maioria não tenha consciência. Outra parte, já desencantou e perdeu as esperanças. E outra ainda luta. Onde cada um de nós se encontra? Qual delas ganhará?
      Também tenho saudades das nossas aulas. Muito bom quando professor e alunos caminham na mesma direção.
      um beijo enorme

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  2. É um circulo vicioso. Eles tem uma educação excelente baseada na confiança, porque eles vem sendo educados para confiar uns nos outros... Excelente post Ligia.

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    1. Carlos, concordo que seja um círculo vicioso. Comportamento gera comportamento. E nós aqui na cultura da desconfiança. É um tema que voltarei no próximo post. Será que um dia conseguiremos quebrar tal ciclo?
      beijo grande

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  3. Anônimo7/28/2014

    Você é minha inspiração. Saudade viu!
    Ribeiro Elanni

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    1. Saudades Elanni. A geografia nos afasta, mas a memória preserva. Até qualquer dia.
      beijo enorme

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  4. Anônimo7/28/2014

    Obrigada pela contribuição do seu post Ligia Pacheco - a reflexão é: se quisermos uma educação significativa e de qualidade no futuro, precisamos começar hoje! não são receitas, são grandes ideias a serem seguidas!Mas o povo brasileiro precisa evoluir também!
    Simone Amorim

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  5. Simone, um dos representantes do Conselho Nacional de Educação da Finlândia, disse algo que fiquei a pensar: "Pequenas ideias podem gerar grandes resultados". E parece que ele tem razão. Façamos a nossa parte. um beijo e já já vem o próximo post.
    Com carinho,

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  6. Anônimo9/27/2014

    Educação gratuita e obrigatória. Esse é ponto. Bjs PatVal.

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